Afinal, quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? Os gestores das empresas são confrontados diariamente com a necessidade de tomar decisões, de expansão, de reestruturação, de capacitação, que vêm acompanhadas de um dilema complexo entre fazer investimentos hoje, com maior risco, por se encontrarem desprovidos dos meios monetários necessários e suficientes, ou investir apenas amanhã, com uma estrutura robusta e um posicionamento no mercado, sólido e dominante, que permite uma decisão de investimento, sem risco significativo associado. Qual é o custo de oportunidade? Perder o comboio para os seus concorrentes, que jogando na antecipação já ocuparam aquele nicho de mercado ou aquela oportunidade de expansão, porque investiram, de forma temerária em recursos adicionais, equipamentos inovadores e novas metodologias, mesmo que não tivessem as condições financeiras ideais para que esse investimento ocorresse. Ou apanhar o comboio amanhã? Amadurecer o negócio, consolidar o crescimento e a estrutura de suporte e expandir com recursos próprios maioritariamente? Pelo caminho, podemos desequilibrar a tesouraria ou aumentar a taxa de esforço da empresa, mas podemos também potenciar exponencialmente a remuneração dos detentores do capital próprio.
Não existem fórmulas mágicas, as decisões dependerão muito da perceção do risco que cada gestor de empresa tem e muito, cada vez mais, das ferramentas de gestão que usa para suportar as decisões que toma. Uma decisão com risco pode ser uma decisão ponderada e uma decisão sem risco, pode não resultar de uma avaliação ponderada. A primeira pode ser uma boa decisão apesar do risco elevado e a segunda uma má decisão, apesar do risco baixo ou nulo. Nessa medida, o recurso às ferramentas de gestão estratégica e projeção económica e financeira, é essencial para apoiar os gestores das empresas no processo de tomada de decisão. Como? Através do desenho de bons racionais a montante, sujeitos a sólidas análises de sensibilidade e construção de projeções fidedignas, aliadas á capacitação ao nível do planeamento estratégico e do controlo de gestão, e do uso de ferramentas como o Balanced Scorecard, que consiste numa metodologia de avaliação do desempenho, o Lean Six Sigma, que resulta da junção das vertentes Lean e Six Sigma, e que permite o aumento da competitividade e da produtividade dentro das organizações, a Margem de Contribuição Residual, que visa avaliar o grau de contribuição de cada segmento para a criação de valor da empresa como um todo, tendo por base uma remuneração exigida pelo financiamento dos activos económicos utilizados, o Economic Value Added que mede a diferença entre o retorno do capital e o custo desse capital, entre muitas outras. Por isso, a solução ideal para gerir o risco de crescer para investir ou investir para crescer, se é que é existe, estará em cada gestor conseguir fazer, numa primeira fase, o investimento necessário e suficiente para obter a evidência, com um grau de risco calculado, de que é viável por exemplo a criação de uma reserva de capacidade produtiva ou a expansão para novas áreas de negócio e de que os meios financeiros disponíveis estão alinhados com a expectativa de crescimento da empresa e da economia e numa segunda fase, efetivar, em tempo útil os investimentos, numa gestão desafiante, diária, de expectativas nas várias frentes de atuação e interação da empresa: recursos humanos, clientes, fornecedores, detentores de capital alheio, acionistas…. O que é gerir o risco, afinal? É gerir expectativas. O ano de 2019 será desafiante para Portugal e para a sua economia. Há inúmeras variáveis que não sob o nosso controlo. Dizem os grandes gestores que as oportunidades existem, desde que se saiba arriscar.
Telma Curado, Revisora Oficial de Contas